terça-feira, 18 de outubro de 2016

Não me pertenço

Não sei quem sou. À fortuna pertenço.
Quis-me perder em teu século de rabugice desperto.
Da rotina sucessiva, do amanhecer que promete,
Fingindo a véspera presente que o amanhã envelhece.
A solidão que o tempo causa… eu não quero,
Ser quem eu sou, não me pertenço, reitero.
E dos príncipes que há na terra em busca do sonho,
Ciosos de vingança, rosa dos ventos infante,
Florete e espadachim,  vernáculo sem fim,
Cabe a Deus restituir teu nobre preceito,
Os meus sonhos na terra, na triste carne solitária.
E no pesaroso olhar que carrego,
Serei sonho, serei paladino, serei a dor do teu abraço?
Talvez pele tatuada na ponta dos dedos,
Que violam meu rosto tornado poeira,
Que enleiam os medos,
Embriagado de sonhos, ogiva e sentidos,
Eu não sou quem sonhei,

Sou metade vontade em lágrimas que chorei.

Hugo de Oliveira

Foto: #artbychina

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