domingo, 20 de novembro de 2011

Perspectivas



Eu, manipulo o seu olhar,
encarnando personagens com alguma relutância,
presumo fazer parte de um espaço presente em ti,
numa atitude coordenada de actos indisciplinados,
num gesto de malabarismos mentais,
como se crê-se, pudesse e fizesse,
e não mais acordar!

Olho os rostos entristecidos que me acompanham,
casuisticamente criados e desfigurados na realidade doentia,
absorvidos numa cidade louca que me suga,
que me desidrata, que me consome o corpo, que me fascina!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Golpe




Hoje, de mim, nada mais que o desencanto permanece,

das coisas que toquei, num suspiro se dissipam,

um pouco mais de ti, do sol que em mim se ausenta,

um resto do violeta que outrora ocultou-se em ti.

Errei entre os demais, falhei no verbo,

fascínios de um triste atordoado,

perdidos no quase princípio, no quase terminal,

o quase amor, o quase triunfo no jeito da expressão.

Em tudo, assisti a um começo, embora tudo errado,

a dor que se perde, quase se findou,

vontades que se foram, aquelas que fixei,

ogivas em torno do culto, encontro-as fechadas,

braços heróicos, desinteressantes, crentes no sossego,

num ímpeto errado, tudo expresso, tudo errado.

Num golpe, num estádio vácuo crescente,

eu fico aquém de permanecer em ti,

despertando a fúria divina do assombro pactual,

dissipado de dor, quase presente, sinto-te!