domingo, 20 de maio de 2012

Inverso


Não são mais que coisas,
Apenas coisas...

Invariáveis factos de um presente qualquer,
Permanecem.

Estrutura invertida que outrora susteve-me,
Ausente!

Inconsciente leveza de um sentido oscilante,
Desnorteado.

Não deixa de ser tempo,
Apenas um tempo.

sábado, 5 de maio de 2012

Seduz-me




Desconheço a cor das lágrimas vertidas em expressões turvas,

Invisual, não mais que a lucidez da visão.

Sou ignorante e apenas sei o significado da repetição.

Protejo os diários manuscritos dentro da memória de cada letra,

E vou rabiscando ao som de ti.

Qualquer coisa que queira ouvir e o teu toque não me diga...

Qualquer coisa que queiras ser e eu o possa viver,

Que possamos sentir espreitando entre passos e ruídos de saudade do tempo.

Ao lado de bancos perdidos no branco de um novo sonho desconhecido,

Qualquer coisa por entre os dedos desenha corpos estendidos num abraço subtil de um beijo.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Luzes


Quatro da tarde, tomei o jornal e saí para a rua, onde o dia me esperava.
No topo, o sol brilhava timidamente num pálido sentido, porém o frio tomava parte do momento.
Rasguei o correio, num envelope húmido, o único habitante daquele condomínio.
Dentro encontrava-se uma folha rasurada, desajeitada! Delicadamente desdobrei-a, no entanto o seu conteúdo traduziu-se num vazio de palavras em todo o espaço.
Guardei-a em mim!
Entrei naquela rua,
passei a travessa num passo melancólico, não tinha compromissos.
Parei, observei, tudo ao meu redor dançava, num movimento inconstante de o ser, em atos e criações íntimas de o ser, de um tempo por inventar.
Em mim, um ligeiro tremer desassossega-me.
Timidamente observei a vida, sufocando-me num silêncio de e para mim,
Tudo em números, a procura impaciente de eles mesmos, numa busca infinita.
Levei a mão ao bolso, não senti a folha rasurada, já não me pertencia. Era mais um!
Despertei!