quarta-feira, 8 de junho de 2016

Vem, clandestino!


Nesta pedra flutuante rasgo sorrisos,
Na esperança que venhas à noitinha,
Na hora do desassossego, o brilho cansado,
Se as estrelas latentes brilhassem,
Ficávamos unidos na dor de um abraço.
E recordar o sabor das tuas palavras,
O teu cheiro, o perfume do teu passo,
O fulgor no teu olhar, as tuas mãos,
Unidas num beijo, a dor, lassidão.
Se tu viesses, meu bem, no instante perene e louco,
Rindo e fervilhando na vaga do bem-querer,
Em tons primaveris no pesar do sufoco,
Gritávamos baixinho a força do amor.
E de rosas ao peito, cravo, sal e mar,
Cerram os olhos perdidos no desejo,
As lágrimas secavam,
Os gritos calavam,
Os braços fraquejavam,
Estendidos nessa dor.
Ai…
Se viesses doido e clandestino…
Fugiria contigo, nas asas do amor.


Hugo de Oliveira
Foto: Moby