sábado, 28 de março de 2020

Sabor a despedida


Não saberei, porventura, pronunciar o Adeus,
Nem o sabor desta ausência,
Que o sentido da saudade finge persistir,
Afinal, só os mortos sabem sentir,
A alegria do eterno desta pútrida clemência.
Temos o mundo pela frente,
O resto deste nosso princípio,
Que nos respeita e desafia,
Quiçá a amizade neste tempo,
Petrifique a virgem distância,
Nesta quadra presente,
Dessa imagem real.
E agora, de mim nada resta,
Que me pertença, que me consuma,
O ‘eu’ gritante que sofre em silêncio,
Que seja meu, teu, nosso.
Intimidades,
Cumplicidades,
O invento natural,
Desse inferno em fúria.
E poderia gritar, fingir, enlouquecer,
Exageradas palavras,
Pronunciadas em vão.
Porém, persisto,
Neste mundo fascinante, bem sei,
Ainda assim, soluçando,
Sofro baixinho,
Na tua ausência,
Presente em mim.

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