E porque choram os meus olhos a dor do
teu abraço?
O intemporal dissipa-se nesta chuva de
inverno.
Os rostos carpem lágrimas de saudade.
Faz frio, mas o teu olhar não se move.
Resiste ao pecado do movimento e nem se
debate.
Aquele passado torna-se cristalino no
para sempre.
O estranho toque de um beijo ardente,
Ainda me inspira nas visões futuras que
recordo.
No até já do para sempre permaneço na
saudade,
Louca e sufocante dos teus braços
perenes.
Mas sem nunca nos tocarmos um abraço
deixa de existir,
O toque é indolor à tua presença.Preenche-me
o saber que aí estás,
Um meio abraço metade cheio, verte-se em
sabor.
Um dia fomos animais e gostamos um do
outro,
Vasculhamos os corpos nesse impasse,
fomos imprevistos no desejo.
Incertos. Precipitados, fomos comuns
nessa alegoria.
Fingimos distantes do amanhecer.
Fomos animais e permanecemos abraçados.
Inalo a sintonia do amor,
Corpos cristalinos, o toque do beijo.
Texto: Hugo de Oliveira
Imagem: Faroe Islands