sexta-feira, 30 de março de 2012
Meu Fado
Nos dias em que estou distante,
acabando por regressar,
sinto falta da minha ausência,
e de sentir a falta de não sentir,
define a minha solidão,
meu fado esperou-te por mil anos,
morrendo a cada dia de espera em ti,
um dia, quando o fado pertencer ao despertar,
despeÇo-me,
frio como a cama onde me deito,
onde hoje não voltarei,
no amanhã de nada vale pensar,
porque o fado não é citação,
de todo espelhado em actos,
muito menos se lê em palavras,
fado é imperfeição apaixonada,
é retirar prazer do desgosto,
pinta-se no meu obscuro,
fado é o sorriso da dor,
não se perde nos dias,
e os dias nunca terminam,
embora eu tenha que partir,
A-deus!
quinta-feira, 22 de março de 2012
Grito
Tragam-me a morte!
Porque a minha existência já não me pertence,
quando é fraca e enganada,
quando o fascínio é uma ilusão,
aos olhos de quem me vê,
e permaneces na minha confiança,
num repetido engano,
pelo subtil caminho da ironia,
percebo que afinal desconheço,
e o porquê de vivermos a distância,
o porquê desta ausência,
as desilusões são a minha esperança,
são discursos sem termo,
que nos falam sobre nada,
desprovidas de conteúdo,
senso comum em fantasia,
complemento desfigurado,
matam-me o sentido,
odeio-te por seres em mim,
pela forma arrogante com que me usas,
pelo capricho de mim quando te apetece,
és tu, o meu ser, o meu desgosto,
quem sorri num instante sem rosto,
triste, é ser pedaços de ti!
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