quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

A dor do teu abraço


E porque choram os meus olhos a dor do teu abraço?
O intemporal dissipa-se nesta chuva de inverno.
Os rostos carpem lágrimas de saudade.
Faz frio, mas o teu olhar não se move.
Resiste ao pecado do movimento e nem se debate.
Aquele passado torna-se cristalino no para sempre.
O estranho toque de um beijo ardente,
Ainda me inspira nas visões futuras que recordo.
No até já do para sempre permaneço na saudade,
Louca e sufocante dos teus braços perenes.
Mas sem nunca nos tocarmos um abraço deixa de existir,
O toque é indolor à tua presença.Preenche-me o saber que aí estás,
Um meio abraço metade cheio, verte-se em sabor.
Um dia fomos animais e gostamos um do outro,
Vasculhamos os corpos nesse impasse, fomos imprevistos no desejo.
Incertos. Precipitados, fomos comuns nessa alegoria.
Fingimos distantes do amanhecer.
Fomos animais e permanecemos abraçados.
Inalo a sintonia do amor,
Corpos cristalinos, o toque do beijo.

Texto: Hugo de Oliveira

Imagem: Faroe Islands