segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Suja, alma em ti



A minha alma está suja,
Preciso vendê-la,
De nada serve tentar lavá-la.
A água!? Essa apodreceu,
No destoar de um qualquer sabão.
Sujidade velha, algo permanente, odeio-te.
A minha alma oculta-se em mim,
De tão suja quase a consigo disfarçar,
Ninguém daria por tal, alma imunda.
Sigo, duro, de gestos controlados,
Oculto uma podridão em mim,
Tanto dá, guardá-la ou chutá-la,
O nojo? É o mesmo, sou eu.
Ai, se eu pudesse livrar-me de ti,
Horas de sofrimento,
Esfregando e polindo noite após noite,
Essas nódoas que te consumiam lentamente,
Na tentativa de guiar-te,
Transformar-te numa alma de homem sã,
Que outrora serviu-te à boca,
Sem nojo, asco ou rancor,
Onde te confessavas,
Num silêncio mudo de conteúdo,
Num sujo infame,
Triste, banhado em doença,
Mortal desgosto na pele irritada.
Inútil, desajeitada, fútil,
Alma posta sobre a mesa,
Depressa, queimo-a,
Dissipo-a, enjoo-a.
Pausadamente, débil e tranquila,
Uma outra alma apoderar-se-á,
Renasço.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Hábil balanço

Inês Castel-Branco

Você! Sim, você, se quiser conquistar a minha atenção,
Cor sentida, de um cheiro intenso em sacrifício,
Com todo o tempo já passado, mal vivido,
Para ganhar esse sorriso, não apenas pintado de novo,
(Re)Faz-se em carreiras obtusas, trilhado em remendos,
No verdadeiro recomeço de uma história sem fim,
Mesmo daquelas menos percebidas, abundantes em si,
Espontâneas num princípio perfeito no ausente,
Mas que a ele consome debilmente a sua atenção,
onde crê amar, desejar, roer um pedaço que outrora abundou,
Sim, se você ambiciona conquistar a minha preferência,
não me compre, não me julgue, não se divirta comigo!
Dispenso lista de boas-vindas, gestos exageradamente controlados,
Esses docilmente serão arquivados,
Aquando as lágrimas corridas caírem de arrependimento,
Mas aí, digo-lhe, o tempo passou,
Para conquistar a minha confiança, a minha presença,
Digna de tamanha menção,
Você, deverá, antes de tudo merecê-la, pelo que duvido.
Seja rebelde, atue, aja em conformidade,
Sei que não é fácil, mas digo-lhe que eu valho tamanho esforço,
Experimente, seja consciente!
É de si, e para si,
que a conquista - eu - balança por si!