quarta-feira, 13 de abril de 2016

E porque desejas a minha alma na tua cama?


Diz-me: E porque desejas a minha alma na tua cama?
O chão é cama para a paixão emergente,
Tateio a fronte, as palavras líquidas,
Ásperas, deleitosas e obscenas,
Maresia... Calma.
Era um passado, um só tempo vivo,
Eu desfalecendo, evaporando em terra,
Meu existir lascivo, pastoso.
Sobre mim, amor,
Colher o que me resta: poesia virtuosa,
Meu corpo teu calor.
Jubila-te da memória de coitos e afectos,
Da consumida alma vaiada,
Outrora vazia, porém desejada.

E para descansar do amor, vamos pr'a cama.

Hugo de Oliveira
Fotografia: Lu Kowski

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