quarta-feira, 9 de março de 2016

Beija-amor


De um mau presságio estrutural, natureza bela,
Clemente sentido, esfinge rara,
Daquele seio brotando narcisos em dor,
Despertando tamanho poeta, vaidade,
Vértice-amor.
Do jardim perene, floresce sem cor,
O benjamim,
Beija-amor,
Eterna mudez, teus olhos, minha flor.
E do bem aventurado, verde temor,
A celestial esfinge,
Envolta de preces, teu corpo, calor.
Ai, essa cor, nas horas que paravam,
Do tempo longe de ti, meu tempo,
Apenas tempo, teimavam.
E nas voltas teatrais,
Os cardos brotam papoilas,
Os alecrins, azuis lisases,
Os guetos, almas cinzas,
Passadiço em flor,
Em voltas do hálice,
Perene rogo, instinto, animais.
E causa daquele amor,
Que traz vida sem dor,
Teus olhos em charco,
Lamento,
Sufoco.

Hugo de Oliveira

Fotografia: Bertil Nilsson

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