quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Sofrer em Silêncio


A ti mulher, dessa força vigente de uma delicadeza floral,
E desse espírito envolvente roubas a vontade em criar outros seres.
A ordem permanece em ti, a razão prevalece, os sentidos ocultam-se,
Nesse silenciar do concílio divino.
As vontades são calmas. Apaziguam.
Permanecemos, latentes, escutando esses contos,
Da pedra que grita, o animal que geme, do sorriso imaginado.
E os cães enraivecidos a mil sóis,
Desses vultos residentes imperfeitos,
Ouvem a música sonar, o cio despoleta, a vontade vigorosa.
E no grosso caminhar, tropeçamos na angústia,
Nas mazelas do passado ainda por viver,
Nesse beija-amor, hoje tu, amanhã aquela.
E nesse baile perspicaz, ressabiados e vazios,
Sabemos que és tu a quem desejamos, fantasiamos e amamos.
A noite vai caindo, o sabor da melodia agre e doce intensifica-se,
Porque a solidão que habita nas mentes,
Torna-se dolorosa, insuportável, letal.
E reconhecendo tamanhos anseios,
Cavamos tenuemente a minuciosa sepultura,
Dessa cova antecipada decorada em doce tons,
Esperamos, sorrindo,
Vazios de certezas,

O dia incerto o escurecer do amanhã.

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