sábado, 25 de abril de 2009

Ode


Ser de mil faces, deveras realista! Ó poeta desastroso, em ti revejo toda a infelicidade que há, todo o fatalismo que me consome. Ser vulgar, situado algures nesse meio termo que nos consome. Perco-me na tua intemporalidade de génios falhados, de homens perdidos. Usas esse português que te caracteriza ao mais alto nível, ó homem que dia após dia conquistas efémeras vitórias, de índole perigosa.

Ó pobre impiedoso, crédulo de lucidez, iluminado por todo brilho que de ti surge em torno dessa genialidade fracassda, nessa vida poética.

Adquiriste essa imortalidade em modos de tortura numa simples análise, enquanto ocultavas esse sentido que acendia em torno do meu jeito pouco sensível, de traços e limites nada alinhados. Admiro-te ó poeta desprovido de sentido, ao ousares perturbar o destino desses animais que insistem em viver em estado natural.


Nasceste ó poeta humano, ó poeta eterno!

2 comentários:

João Roque disse...

Uma prova que se pode ser poeta escrevendo prosa; e de uma forma muito bela.
Abraço.

Daniel C.da Silva disse...

Um quase grito numa imagem maravilhosa.

Hugs :=)