Não sei quem sou. À
fortuna pertenço.
Quis-me perder em teu
século de rabugice desperto.
Da rotina sucessiva, do
amanhecer que promete,
Fingindo a véspera
presente que o amanhã envelhece.
A solidão que o tempo
causa… eu não quero,
Ser quem eu sou, não me
pertenço, reitero.
E dos príncipes que há na
terra em busca do sonho,
Ciosos de vingança, rosa
dos ventos infante,
Florete e espadachim, vernáculo sem fim,
Cabe a Deus restituir teu
nobre preceito,
Os meus sonhos na terra,
na triste carne solitária.
E no pesaroso olhar que
carrego,
Serei sonho, serei
paladino, serei a dor do teu abraço?
Talvez pele tatuada na
ponta dos dedos,
Que violam meu rosto tornado
poeira,
Que enleiam os medos,
Embriagado de sonhos,
ogiva e sentidos,
Eu não sou quem sonhei,
Sou metade vontade em
lágrimas que chorei.
Hugo de Oliveira
Foto: #artbychina