A minha alma
está suja,
Preciso
vendê-la,
De nada
serve tentar lavá-la.
A água!?
Essa apodreceu,
No destoar
de um qualquer sabão.
Sujidade velha,
algo permanente, odeio-te.
A minha alma
oculta-se em mim,
De tão suja
quase a consigo disfarçar,
Ninguém
daria por tal, alma imunda.
Sigo, duro,
de gestos controlados,
Oculto uma
podridão em mim,
Tanto dá,
guardá-la ou chutá-la,
O nojo? É o
mesmo, sou eu.
Ai, se eu
pudesse livrar-me de ti,
Horas de
sofrimento,
Esfregando e
polindo noite após noite,
Essas nódoas
que te consumiam lentamente,
Na tentativa
de guiar-te,
Transformar-te
numa alma de homem sã,
Que outrora
serviu-te à boca,
Sem nojo,
asco ou rancor,
Onde te
confessavas,
Num silêncio
mudo de conteúdo,
Num sujo
infame,
Triste,
banhado em doença,
Mortal desgosto
na pele irritada.
Inútil,
desajeitada, fútil,
Alma posta
sobre a mesa,
Depressa,
queimo-a,
Dissipo-a,
enjoo-a.
Pausadamente,
débil e tranquila,
Uma outra
alma apoderar-se-á,
Renasço.